O mês de setembro de 2025 apresentou um cenário climático preocupante quando comparado à média histórica e também ao ano anterior. Nos últimos 30 anos, a média pluviométrica registrada para setembro é de 78,3 mm, mas em 2024 esse valor caiu drasticamente para 22,4 mm, o que já representava uma redução de aproximadamente 71,4% em relação à climatologia. Em 2025, a queda foi ainda mais expressiva: apenas 9,7 mm foram registrados, correspondendo a uma diminuição de 87,6% em relação à média histórica e de 56,7% quando comparado ao já seco setembro de 2024.
Esses números revelam não apenas uma variação pontual, mas uma tendência de agravamento da escassez hídrica em um período que já é, naturalmente, marcado por estiagem em grande parte do Brasil central e sudeste. A redução acentuada das chuvas reflete-se em vários setores: o aumento no número de incêndios florestais, impulsionados pela vegetação seca e pelas altas temperaturas; os prejuízos para a agricultura, que enfrenta dificuldades no desenvolvimento das lavouras de primavera; e, sobretudo, os impactos diretos sobre a saúde da população, especialmente em relação a doenças respiratórias agravadas pelo ar mais seco e poluído.
Curiosamente, os dados de umidade relativa mínima apresentam uma leve melhora quando comparados ao ano anterior: em setembro de 2024, a média foi de 26%, enquanto em setembro de 2025 subiu para 30%. Embora esse aumento represente um alívio momentâneo, ele não compensa a drástica queda no volume de chuvas. Em termos práticos, o ar continua seco, e os riscos para a saúde permanecem altos, sobretudo em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
No entanto, mesmo com essa média ligeiramente mais alta, alguns municípios registraram índices alarmantes. Em Dracena, por exemplo, a umidade relativa do ar caiu para apenas 8,9% no dia 10/09, valor extremamente crítico e ameaçador à saúde e à vida humana. Já em Osvaldo Cruz, o menor índice observado foi de 10%, nos dias 10 e 11/09, igualmente preocupante e dentro da faixa considerada de emergência pela Organização Mundial da Saúde. Além disso, o município completou uma sequência de 86 dias consecutivos sem chuvas, estendendo-se de 28/06 a 21/09, o que reforça ainda mais a gravidade da estiagem enfrentada em 2025.
Outro ponto que chama a atenção é o comportamento das temperaturas. Apesar da seca intensa, setembro de 2025 foi ligeiramente mais ameno em relação ao ano anterior. A média geral ficou em 24,4°C, contra 28,4°C em 2024. A média das temperaturas máximas também apresentou queda, registrando 31,8°C em 2025, frente a 34,5°C em 2024. Até mesmo as temperaturas extremas mostraram essa diferença: a maior marca do mês em 2025 foi de 38,2°C, enquanto em 2024 chegou a 40,2°C. Essa redução, embora significativa, não elimina os riscos à saúde e à agricultura, já que a combinação de calor, baixa umidade e estiagem prolongada continua sendo extremamente preocupante.
Portanto, o setembro de 2025 confirma um quadro de desafios ambientais crescentes. A escassez de chuvas, associada à baixa umidade e ao aumento de queimadas, evidencia a necessidade urgente de políticas de mitigação, tanto no campo da gestão de recursos hídricos quanto na prevenção de desastres ambientais e de saúde pública. A sociedade, por sua vez, deve ser chamada à reflexão: se cada setembro se torna mais seco, até quando poderemos sustentar nossos ecossistemas, nossa agricultura e nossa qualidade de vida sem uma mudança estrutural na forma de lidar com o clima?
Por fim, o GOER, através de sua Divisão Amadora de Climatologia, reafirma seu compromisso em monitorar constantemente o tempo, emitir boletins, notícias e alertas, sempre com a finalidade de resguardar a saúde e a vida de todos diante dos crescentes desafios impostos pelas mudanças climáticas.
ALESSANDRO A. ROMANO, advogado, especialista em Proteção e Defesa Civil, especialista em Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, MBA Gestão em Segurança Pública, Graduando em Geografia e Engenharia de Segurança no Trabalho, Radioamador PY2OCZ, Membro fundador do GOER, Grupo de Operações de Emergências de Radiocomunicações de Osvaldo Cruz e instrutor da Help Life Treinamentos.